Lacan disse que a estrutura do desejo humano se caracteriza pela falta do objeto do desejo. Ou seja, não há nada que possa satisfazer completamente um desejo. Além disto, sempre geramos uma expectativa sobre o que desejamos (o sonho). O resultado é que, entre o desejo e sua realização, há sempre uma certa decepção. Há sempre um resto que permanece insatisfeito.
Façamos então o comparativo do que disse Lacan com nossas expectativas em relação à Medicina Estética. Por mais maravilhas que a estética proponha, com seus cremes e aparelhos, alguns vilões estão sempre de prontidão.
O primeiro vilão é nosso estilo de vida: fumamos, bebemos, engordamos e emagrecemos, e somos tão preguiçosos! Nosso segundo vilão é a genética, implacável, e temos que aceitar com certa resignação o modo como envelhecemos. O terceiro vilão é nossa permanente insatisfação. Se, por um lado, a natureza nos fez falantes e superiores em inteligência, por outro esta mesma qualidade nos trai, pois é dela que criamos nossos próprios monstros: as frustrações.
Por mais que a ciência prognostique resultados fantásticos em procedimentos estéticos, temos que ter o bom senso de esperar deles melhorias, reversões, ganhos limitados por nosso próprio modo de ser e de agir.
Portanto, nunca se esqueça de que a Medicina Estética é muito válida, quando praticada honestamente (por profissionais que não se aproveitam da frustração do cliente para vender seus tratamentos). A franqueza e o bom senso entre o médico e o paciente trarão certamente um excelente relacionamento que culminarão com excelentes resultados.